domingo, janeiro 16, 2005

Coisas do Cinema - Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004)

"Como são felizes as virgens inocentes!
O mundo esquecendo pelo mundo esquecido:
Brilho eterno de uma mente perfeita.
Cada prece aceita...
e cada uma com resignação".

Alexander Pope

Fico sempre lixado quando as pessoas me dizem que andam lixadas com as memórias. Onde é que está o “31” das memórias?!? Das boas e das más...

Quero dizer, é que essa história do “arrependimento” não me encaixa nada bem; nem essa história do “esquecer”, tão pouco. Tantas vezes que se fala do “esquecer” como se fosse uma deliberada atitude; não vejo como poderá sê-lo...a palavra “esquecer” nem devia ser um verbo, sequer.

“O tempo cura, o tempo vai passar...”; que “tempo”?!? É esta a espiritualidade do amor? Se sim, qual é a espiritualidade da vida? (se é que isso realmente interesse) Tantas vezes parece-me que as pessoas nobrificam mais o seu amor do que a sua vida...e digam-me vocês, habitantes do paraíso do amor, se ele sumir (o amor) o que é que fica?

O amor abstrai-nos da vida ou devolve-nos a ela? Das duas, três...

Mais, para mim, é com amor que se faz mais amor; como podem dizer “tenho que esquecer”?!? como se tudo se metesse em gavetas...

Todos os dias, misturo; todos os dias, se me esquece; todos os dias, se me lembra; todos os dias, faço por beber um sumo diferente e, milagre (ou então, não), tenho momentos de felicidade Q.B.

Já por aqui se falou do “peso da personalidade”, é verdade, pode existir, mas...e que tal mudar? Ou então, nem por isso.

Pelo medo de não sermos claros para os outros e para nós; afastamo-nos (o mais racionalmente que podemos) da contradição. Mas não é a contradição um fatalismo? A orgânica da vida é o que é, não se controla; não se dispõe do controlo, dispõe-se do mistério. Mais, creio que o medo advém de uma outra coisa: o medo de ter medo. A vida não foi feita para ser estável; a nossa natureza é bem mais a da “dependência”, até...

O medo da contradição compromete o viver; mais, compromete aquilo que tenta enaltecer: a Comunicação, a Confiança, a Cumplicidade (regra dos 3 C’s ©Arroz de Estragão).

Viver é uma arte, e amar é apenas uma “técnica” divagante e exploratória do viver; não se lixem, aproveitem-no quando ele aparece e façam-no saudável.

Eu não queria ser uma virgem inocente; eu sou uma virgem inocente, ponto final

Dêem paz ao amor.

Ah, a propósito, o filme é lindíssimo :-)


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