Acordou de sobressalto, levantou-se, calçou as suas pantufas amarelas que deixava sempre junto à cama, uma ao lado da outra (detestava não as ver juntas), dirigiu-se para a cozinha às escuras, acendeu a luz, ligou a chaleira, e esperou que a água fervesse para beber um chá de camomila.Enquanto segurava a caneca entre as mãos, e via o vapor subir e se desvanecer, também a memória daquele sonho repetido se evaporava da sua mente.Deitou-se de novo na sua cama enorme. Tinha os pés gelados, e os joelhos também. A sua mãe também costumava dizer que tinha frio nos joelhos... mesmo assim continuavam a usar as suas camisas de dormir em seda, sentia-se mais mulher!Matilda olhava o tecto na esperança de adormecer inebriada pela escuridão. Mas era o negrume da sua vida que a incomodava mais.
Sentia-se terrivelmente só.