segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Coisas de Fevereiro

Porque hoje é 28 de Fevereiro e amanhã ja é Março...aqui vai!

Desde sempre me questionei sobre o mês de Fevereiro...é o mês coitadinho, diferente e indefinido.
Mas por que razão é ele que tem menos dias, e não Janeiro ou Novembro ou outro qualquer.
Só vem baralhar as coisas...aquela regra das nozes da mão para contar os dias (31 /30/31/30...) não funciona para o fevereiro!!! mas porquê? o ano assim já não tinha 365 dias tinha mais... e então? qual é o problema?

O que vale é que de quatro em quatro anos dão ao Fevereiro um bónus de mais um dia, por ele ser este coitadinho, perdido, diferente de todos os outros companheiros do calendário.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Coisas de uma Espera, da Tua

depois de alguns dias ausente mas com saudades aqui vai uma coisa que escrevi aqui e agora porque hoje é o que me vai no coração...
este post é para ti


Espero por ti, aqui e agora...
porque partiste e me deixaste assim,

sozinha.

E espero...
até apareceres e,
me tomares de novo nos teus braços quentes!

Espero-te aqui
assim,

porque sei que voltas.

Espero porque amar
é também
Saber esperar!

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Foto de Eric Kellerman

domingo, fevereiro 20, 2005

Coisas do dia de hoje

Hoje, limite-mo-nos a ficar no vazio!
Pensemos no estado da nação e no que vai ser dela depois do dia de hoje...dia em que se espera um novo Governo!
Vamos ver como vai ser ultrapassar esta barreira...


Foto de Michael Kenna

sábado, fevereiro 19, 2005

Coisas na Sombra

Deixei-te ali. Na sombra.
Quando olhei para trás já não estavas.
Parei, petrifiquei.
Fiquei sem coração,
sem o bater do meu coração que era o teu!
Nos meus olhos sentia o ardor das lágrimas contidas
e doeu por dentro.

Desapareceste na sombra!
não sei se voltas e,
hoje, duvido se algum dia exististe!

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Foto de Michael Kenna Tree Shadow

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Coisas da Arte: o conceito abstracto da beleza

Alain Marc, Créature Apparit

«Um artista deve criar coisas belas, mas não deve imiscuir nelas a sua própria vida. Vivemos numa época em que os homens tratam a Arte como se fosse uma forma de autobiografia. Perdemos o conceito abstracto da beleza»

Oscar Wilde, "O retrato de Dorian Gray"

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Coisas do Pensamento


Seagull Edward Dimsdale (fonte:Xupacabras)

« _Todo o vosso corpo, desde a ponta de uma asa, até à ponta de outra asa - costuma dizer Fernão _ , não é mais do que o vosso próprio pensamento, numa forma que podem ver. Quebrem as correntes do pensamento e conseguirão quebrar as correntes do corpo...
Mas, por muito que falasse, soava como uma agradável ficção e eles precisavam de dormir.»

Richard Bach in Fernão Capelo Gaivota

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Coisas de Poesia: um incentivo



Pascal Renoux Les Cheveux mouillés (fonte xupacabras)


Recomeça sempre

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
do futuro
dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
não descanses
De nenhum fruto queiras só metade.

E nunca saciado
vai colhendo
ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
e vendo acordado
o logro da aventura.

És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde, com lucidez, te reconheças!

Miguel Torga

este post é para ti X

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Coisas da Vida - Pó de Arroz

O Arroz de Estragão vai passear durante duas semanas. Vai tirar férias de tudo, inclusivé do Muitas Coisas...só porque a Internet não está disponível em todo o lado...

Vou ter saudades.

Até um destes dias.

Coisas da Fotografia - Robert Doisneau


Robert Doisneau


Este é dedicado a ti, Liz :-)

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Coisas do Amor Coisas do Poeta

Como não pode deixar de ser, hoje, Luiz de Camões no seu habitual esplendor:

«Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos mortais corações humanos conformidade,
Sendo a si tão contrário o mesmo Amor?»

Coisas da Comunicação – as reticências

“Even though the summer's over, the moment's not gone, and I'm looking forward to the next time we meet, be it next month, next year, next decade... It's great that our paths have crossed, especially since I know already that you're one of those people with whom it always feels as if you can just pick up the conversation where you last left it, and chat on...”

Excerto de um e-mail de N.


São poucas as pessoas com quem me acontece este fenómeno, pelo menos, de forma genuína.

Mas é isso que torna este entusiasmo em “pôr a conversa em dia” tão especial.

Começar em reticências e acabar nas reticências.

Afastarmo-nos depois com a mente totalmente preenchida com aquela sensação de ter passado “um bom bocado”.

É o melhor anti-stress que conheço. “Ah não há nada melhor!”


Foto de Julio Cesar Garcia Garnateo.

domingo, fevereiro 13, 2005

Coisas da Arquitectura - Genius Loci







Fotos de Marilyn Bridges.

sábado, fevereiro 12, 2005

Coisas da Música - Gatos

Encontra-se disponível para audição mais uma das músicas que gravei há já alguns anos...

Chama-se "Gatos" e está aqui.

Coisas da Comunicação – o tamanho do que se diz

Ás vezes, calo-me, e ouço com prazer; outras vezes, converso, pontuadamente; outras vezes, tenho que falar muito para perceber onde quero chegar. Não se trata de falta de síntese, é antes aquilo que mais me fascina na comunicação – o balanço entre a robustez de espírito e a sensata ausência de pragmática.

Não gosto quando não me deixam falar até ao fim. Prefiro mesmo ficar calado...

Saber ser ouvido é uma arte; como aquela do saber ouvir.

Também já tive excelentes momentos de mútuo silêncio, que me fazem lembrar o sublime final de Straight Story; mas esta é já outra história...


Foto de Barbara Mensch.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Coisas da Música - Radiohead



Radiohead, How to desappear completely

Coisas da Arquitectura – A monoesteticidade dos edifícios

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Tuomas Virtanen

Assumamos que um arquitecto pensa sempre de forma delicada nos aspectos estéticos de um projecto que elabora; mesmo que assim sempre fosse, é muito complicado (impossível...) garantir que essa estética seja sempre a mais conveniente ao sítio e a todos os momentos que o edifício atravessa.

Ficaríamos a ganhar se fossem dadas mais oportunidades (e com mais frequência) a artistas para intervir em edifícios (urbanos ou não). Uma intervenção de mais rápida execução e de carácter muito mais efémero surgiria como uma proposta estética mais próxima da realidade presente do edifício e, portanto, mais ajustada do que a proposta elaborada e decorrente de um moroso projecto de arquitectura.

Não me refiro à possibilidade de isto poder ser realizado em todos os edifícios, se bem que me faz alguma comichão o conservadorismo de encarar determinadas obras como “matéria intocável”.

Refiro-me, antes, àquela arquitectura (e, nomeadamente em ambiente urbano) que tem uma natureza dominantemente funcional e, talvez por esse facto, dominantemente banal.

O exemplo da intervenção no Reichstag (símbolo da democracia alemã) da autoria de Christo e Jean-Claude é um muito bom exemplo (embora específico e muito dispendioso) desta atitude.

Isto tudo para além de, obviamente, permitir uma saudável (creio) e constante mutação nas cidades; hoje, pouco diferentes, de dia para dia.


Reichstag (símbolo da democracia alemã) da autoria de Christo e Jean-Claude, Berlin.

Coisas (non) sense – O crime

O Crime:


Babydolls, Jeremy Webb


A arma do Crime:


Blue Gloves, Jeremy Webb

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Coisas da Perfeição - David

David (pormenor) de Michelangelo Buonarroti


Era Agosto, nao sei precisar o dia, estava muito calor...estava em Florença há dois dias e partía para Roma nesse dia.
Acordei muito cedo para ir à Galleria dell'Academia, tinha de ser aquelas horas impróprias para escapar à multidão turista.

Após ter esperado uma ou duas horas entrei, comprei bilhete com o coração palpitante, ansiosa esperava o momento... deambulei por entre quadros que naquele momento nada me interessavam.

Entrei para uma sala corredor e parei petrificada pela magnitude! Ao fundo por baixo de uma clarabóia estava ele, gigante.

Fiquei ali dentro 3/4 de hora sentada nas várias cadeiras que ali havia, praticamente sem respirar, sem pensar.

Sussurrava para mim: "Que coisa brutal!!!" e era exactamente isso que sentia.
Ele é um gigante com cinco metros de altura com cinco toneladas mas que parece levitar sobre nós, é incrível.

Impressionou-me imenso a mão, as veias da mão! viva mas de pedra!

Tinha de me ir embora. Dava dois passos e olhava para tráz como que para me despedir... até chegar à porta e perceber que se olhasse pela fresta ainda o conseguia ver mais uma vez. E vi. Guardei essa imagem dentro de mim. Fiquei com saudades daquela perfeição avassaladora. Tenho de lá voltar.

Coisas da Literatura - O Filho do Lobo

"No fundo havia uma cabana feita de troncos que tinham sido atirados do alto. Era uma cabana muito velha; porque ao longo dos tempos ali tinham morrido homens solitários. As suas últimas palavras e desesperadas maldições estavam escritas em pedaços de casca de bétula, como pudemos ler. Um tinha morrido de escorbuto; o sócio de outro tinham-lhe roubado os últimos víveres e a pólvora e fugira; um terceiro foi gravemente ferido por um urso pardo; o quarto foi caçar e morreu de fome - e assim por diante. Não tinham querido deixar o ouro e morreram junto dele, de uma maneira ou de outra. Aquele ouro inútil que tinham recolhido cobria o piso da cabana como num sonho."

O Filho do Lobo, Jack London


quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Coisas da Imaginação – uma doce mentira em jeito de literatura mimética



Não éramos namorados; mas rapidamente tornámo-nos amantes. Fomos para um pequeno castelo, isolado e de difícil acesso, que era uma herança da sua família abastada. Ali ficámos durante semanas, comendo conservas e bebendo chá; lendo livros e fazendo amor.

À medida que o tempo passava e que nos conhecíamos cada vez melhor começámos a afogarmo-nos na nossa própria relação pois ficámos iguais; olhávamos um para o outro mas, desesperadamente, só víamos um espelho.

Foi neste clima de solidão compartilhada que percebemos que tínhamos de voltar ao sítio de onde havíamos vindo, para que não nos destruíssemos mutuamente.

Nunca mais nos voltámos a ver, embora – sei – não nos faltasse o desejo.

Por várias vezes passei pela localização do dito castelo, mas estranhamente ele houvera desaparecido.

Ao encontrar esta fotografia numa galeria de exposições londrina, não consegui conter as lágrimas: era o castelo.

Não conhecia o nome do autor da fotografia e, também estranhamente, nunca o consegui contactar.

Contei esta história a Cármen Martin Gaites, que resolveu inspirar-se nela para escrever um livro: “A Rainha das Neves”.

Hoje, com 82 anos, devo dizer que continuo certo de que não há um “talvez” nesta história, é toda certezas.


ADN mimético do post:
A Rainha das Neves, Carmen Martín Gaites
A Rainha das Neves, Hans Christian Andersen
"Una Casa en Santiago", Desencuentros, Luís sepúlveda
Cul de Sac (1966), Roman Polansky
20 aniversario...palabras, Patxi Andión

A foto veio dos arquivos do Xupacabras e é da autoria de Isabelle Lousberg.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Coisas da Fotografia – Viagem à Figueira da Foz

Apesar de achar a Figueira da Foz uma cidade que, quanto ao gosto, deixa muito a desejar (já viram aquele casino?!?) deixo aqui algumas fotos que tirei e de que gostei.





domingo, fevereiro 06, 2005

Coisas do Yôga

posição Bhujangasa Maha

Conheci hoje este Mundo! fascinou-me, confesso, pela espécie de magia a que está associado.
a seguir seguem-se algumas traduções da definição do Yôga no capítulo I do Yôga Sútra de Pátañjali (tradução de Mestre DeRose), que me pareceram mais interessantes:

"O Yôga é a supressão dos turbilhões mentais."
"O Yôga consiste em suprimir a actividade da mente."
"O Yôga é a restrição das modificações da matéria mental."
"O Yôga é o controle das ideias no espírito."

mas esta é a que gosto mais:

"O Yôga é a supressão dos estados de consciência"

Saí de lá, de uma das salas da Uni.Yôga e fiquei a pensar no quão importante é conhecer-mo-nos a todos os níveis. Mas conhecer e respeitar o corpo tendo em vista esta supressão da consciência pareceu-me importante.
Vou experimentar este novo mundo que me pareceu acolhedor e por isso queria partilhar isto com o Muitas Coisas porque ele é feito disso mesmo, de coisas.

sábado, fevereiro 05, 2005

Coisas do Desporto – Free Running

Ontem vi um documentário impressionante no Discovery Channel sobre uma coisa que eu desconhecia por completo.

Imaginem um tipo a fazer acrobacias num skate em cena urbana; agora tirem-lhe o skate; pronto, têm o free running.

Em verdade, esta modalidade muito recente (encontra-se mais generalizada apenas na Inglaterra e França, onde foi “criada”), permite outro tipo de contacto que os outros desportos radicais não permitem: entrar dentro de edifícios, por exemplo.

Fiquei completamente aliciado a ver a coisa mais simples do mundo: tipos a correr e a saltar em território urbano.

Lembram-se quando, no bairro, tocavam à vossa campainha e diziam “bora, vai tudo jogar à bola!”? Pois bem, agora, estes tipos, já com uma idade mais madura, tocam às campainhas uns dos outros e dizem “bora, vai tudo dar uma corrida!”. É lindo!

Eles levam tanto a sério esta modalidade que treinam as acrobacias (impressionantes...) em skate parks; existem também vários núcleos organizados para a sua prática.

Muito inteligentemente, os realizadores do documentário fizeram uma entrevista a um arquitecto inglês acerca do assunto que realçou, sublinho, o interesse da modalidade enquanto alternativa à realidade artificial-urbana que, na generalidade, propõe um leque limitado de possibilidades de ser vivenciada.

Ora, esta subversão (saltar de uma guarda para um parapeito ou rebolar de um telhado curvo para um murete largo...) proporciona uma aliciante experiência com aquilo que faz parte do quotidiano; é a metamorfose da rotina e a transfiguração do espaço urbano. É uma crítica saudável à tendenciosa monofuncionalidade dos edifícios e da cena urbana; a cidade só tem a ganhar com estes neo-zeppelins.

Haviam de os ver na Tate Gallery...

Quando é que vamos dar uma corrida?

Ver mais é aqui e aqui.

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sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Coisas de Outros Blogs - Xupacabras

O Xupacabras acabou...

Começaram as saudades.

Coisas do Desenho


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Paula Rego,litografia titulo:Jane Eyre

Caminhei hoje pelo desenho. Senti-me magnificamente.
Durante quatro horas travei uma luta com o papel. Desenho após desenho, um atrás do outro a sensação de poder crescia dentro de mim. Enquanto desenho não é possível pensar em nada, caminho numa espécie de vazio.
Em golpes de vista entre o que desenhava e o papel, travava a minha batalha e a comunicação do desenho dava-se ali naquele instante, majestosa.
Primeiro a caneta (a bic) passeava frenética no papel tentando dar vida ao que via, depois o pincel que majestoso e denso deixava um rasto húmido na folha de papel que até há minutos estava em branco.
Umas ossadas guardadas há anos dentro de caixas de cartão de repente passaram por mim e eu transformei-as em desenho que de uma forma ou outra serão eternos.
Foram horas de magia pura, e deu-me um prazer...
Senti-me única e irrepetível no meu desenho.

Coisas da imaginação – o miasma das ruínas


...foi então que entrei, movido por uma paixão semelhante àquela que os moveu no Stalker. Havia um longo corredor que parecia não acabar; o espaço afirmava-se como a única realidade disponível – e que fascínio é, quando assim acontece...
Cada compartimento, despertava-me interesse – queria entrar em todos porque cada um era um pequeno mundo, que se imprimiria de forma diferente na retina; não havia forma de não pisar coisas importantes e preciosas: estavam por todo o lado. Era-me impossível observar sem devassar.
A luz, densa, não consegui apurar de onde vinha...

...o que percebi, é que por cada interstício luminoso, eu via um registo cinemático da minha memória; como se todas as gavetas estivessem agora abertas, e ao meu dispor – a ruína não tinha já um lado de fora, pois as transparências que o permitiam observar estavam agora filtradas com as telas da minha infância.
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Em cada compartimento, o som dos meus passos era diferente e, a cada passo, eu sentia uma nova e familiar fragrância. Estranhamente, não cheirava a pó; apesar de cheirar a coisas velhas.
Os artefactos que contavam a história da ruína estalavam a cada segundo, debaixo dos meus sapatos.

Ao fim de caminhar durante horas (tempo que não consigo pôr em palavras) e depois de ter acontecido aquilo, foi neste sítio que encontrei descanso e adormeci, com as roupas que tinha no corpo.

Lembro-me de que nunca mais de lá saí; lembro-me de que nunca mais lá voltei.

Fotos de Yuri Marder.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Coisas da Música - para que não restem dúvidas

Fina escolha dos Cinematic Orchestra, once again on this blog.


The Cinematic Orchestra, Dawn


The Cinematic Orchestra, The Awakening


The Cinematic Orchestra, All Things to All Men (feat. Roots Manuva)

Para quem quiser entreter-se mais, é ir ao entreter.

Coisas da Vida - Criogenia: "Olhe, desculpe, mas agora não posso morrer."

No outro dia, num desses canais de quem tenta adormecer de forma culta, vi um documentário sobre empresas, nos EUA, que congelavam pessoas imediatamente depois de estas morrerem; isto no intuito de existir a possibilidade de as trazer à vida futuramente, com novos desenvolvimentos no mundo da medicina.

Achei muito estranho haver pessoas que procuram esta forma de "adiar" a morte; achei estranho haver pessoas que não a entendem (à morte) como um direito.

Eu quero ter esse direito.

Pergunto-me o que leva as pessoas a desejar a imortalidade; foi impressionante ver cabeças a ser metidas dentro de uma arca...ficam à espera de um corpo melhor...

"Quem corre por gosto, não cansa." mas também não descansa...

Algo que vale a pena ler aqui.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Coisas do Amor - a história e o presente

I – Preâmbulo(s)


Motores, máquinas, fábricas, poluição, falta de higiene, CO2, aumento da população nas cidades e no geral, trabalho infantil, capitalismo, transportes, mais cidades, Darwin e a evolução, muito trabalho, mais trabalho, salários baixos, laissez-faire, liberdade, Romantismo, Realismo, Socialismo, Democracia, organização, codificação, Constituição, inventários, Iluminismo, Electricidade, luz, separação da Igreja do Estado, revoluções, direitos do homem, etc. Houve espaço para tudo isto com a Revolução Industrial. Seria de esperar que, a par de tanta mudança, também assim acontecesse com o amor.


II - História(s) ao ouvido


Na Grécia Antiga (1300 a.C. – 27 d.C.) as mulheres foram tornadas de tal forma supérfluas socialmente (à excepção das prostitutas de alta classe), que a bissexualidade era uma constante. O amor duradouro era encarado como uma paixão[1] e, geralmente, não era sinónimo de casamento. Uma relação esporádica com um volátil amor era o normal; mais um divertimento quase filosófico do que outra qualquer coisa.


No Império Romano (27 d.C. – 385 d.C.) o desrespeito pelo amor e pelo sexo foi exponenciado; os abortos eram comuns e recém-nascidos eram abandonados frequentemente.
Os contornos lascivos da cultura amorosa românica foram atacados freneticamente com a ascensão do Cristianismo (385 d.C. – 1000 d.C.) e no prolongamento da Idade Média, onde toda a forma de prazer foi condenada dando lugar ao espírito de sacrifício, abnegação e auto-tortura; o sexo tornou-se um pecado e uma culpa; o amor tornou-se num mal necessário, tão necessário como pouco romântico. S. Jeremias estabeleceu que o homem que amar ardentemente a sua mulher, comete uma forma de adultério.


Antes e durante o Renascimento (1000 – 1700) os trovadores promoveram, semi-clandestinamente, o amor platónico, onde se acreditava que uma paixão insatisfeita melhorava a sensibilidade e o carácter pessoais[2]. Pela primeira vez, o amor encontrava-se associado a uma espécie de nobreza de carácter. Enquanto a Igreja fazia crer que a mulher feliz era uma bruxa, continuavam-se a fazer casamentos baseados em tudo menos no amor.
A nova classe (Nobreza), e, consequentemente o povo, começaram a associar o sexo ao amor. Shakespeare escreve Romeu e Julieta. No séc. XII nasce o conceito de que duas pessoas casadas devem viver numa casa familiar.


Com o nascimento do puritanismo, duas vertentes opostas (re)definiram-se: o ideal liberal de Martinho Lutero, seguido também por John Milton, onde o amor e prazer terrenos não constituíam nenhum pecado, antes pelo contrário; e o ideal Calvinista baseado na admiração de Deus e espiritualidade, em prol dos prazeres materiais. Para John Calvin, o casamento tinha duas funções: procriação e eliminar a incontinência.


No princípio do séc. XIII, Luís XIV estabeleceu regras de etiqueta que suprimiam qualquer manifestação de emoção, levando ao que se poderá chamar de sedução racional. Este comportamento foi um modelo europeu, não só para a aristocracia como também para o homem vulgar.


Com a idade das luzes veio o pensamento racional e, com este, as regras; se bem que os credos do Cristianismo tenham entrado em relativa decadência, continuavam a existir entraves sociais no domínio da expressão das emoções e, portanto, no domínio dos sentimentos[3].


III - Fogo que arde e que se vê


O Capitalismo abriu caminhos aos desfavorecidos de berço para enriquecerem. Estes novos-ricos copiavam a conduta das classes mais altas, mas viviam segundo os costumes das classes mais baixas; as elites sociais (antes, percursoras de referências de conduta) desdensificaram-se e o direito à criatividade sentimental generalizou-se.


Devido ao desejo que os self-made tinham em sobressair e protagonizar-se, nasce um espírito precisamente oposto ao racionalismo que teria sido a bitola emocional até a esta parte; em reacção, a sensibilidade impera como o nobilitante ideal da natureza humana. Os homens cresciam tímidos e procuravam as mulheres tímidas; um casamento era glorificante para a mulher, o que, a médio prazo, se viria a conotar como um status opressivo.
Jean Jacques Rousseau foi um dos grandes percursores europeus deste liberalismo sentimental[4] (e político), apelando à seriedade da classe média e ao valor da modéstia feminina. Chorar tornou-se chique.


O ideal romântico da mulher doce e frágil dominada pela força sensível do homem nasceu com a Revolução Industrial. (a ideia de subjugação da mulher ao homem persistiu)


Os novos sistemas de escolas públicas libertaram a mulher das suas funções domésticas tradicionais; o homem razoável podia agora trabalhar menos e dedicar-se mais à mulher como companheira conjugal[5]. O sexo, depois de séculos de trevas, começou a ser reexplorado como um prazer[6].


Em 1792, Mary Wallstonecraft ataca fortemente a subjugação das mulheres casadas e abre portas para o movimento feminista. Cem anos depois a mulher tinha direitos sufrágio e havia sido elaborada a primeira reforma do divórcio. A noção de amor livre nasce em finais do séc. XIII. A mulher encontrava-se emancipada.


IV – Venha o que Ford quiser…


Divórcio, sexo-assim-e-assado-aqui-e-ali, pornografia, liberdade, polissexualidade, cultura do orgasmo múltiplo, planeamento familiar, famílias felizes, famílias menos felizes, monogamia, poligamia, Huxley, amor urbano, SIDA, Viagra, ecstasy, Elvis, Marilyn, Beatles, Stones, Doors, sexo tântrico, preservativos Benetton, E tudo o vento levou, Música no coração, cinema, TV, novelas, casas de banho públicas, Jenet, Arenas, Yourcenar, Miller, móteis, viagens, bikini, saltos altos, under-bra, silicone, cow-boys, Caras, Diana, aborto, pedofilia clérica, Internet, fio dental, IURD, quizomba, Disney Channel, BMW, Chanel, eu. É natural que, no meio de tanta confusão, tenhamos que reler a partir do ponto II. STOP

[1] Pathos – doença.
[2] O Don Quixote de la Mancha (1604) é um exemplo desta primeira forma de romantismo
[3] Foi no séc. XIII que se criou o mito de Don Juan; o amante de luxo, irrepreensivelmente falso. Giovanni Jacopo Casanova, entre as suas muitas aventuras amorosas, escrevia livros sobre matemática, história, astronomia e filosofia.
[4] O poeta irlandês Tom Moore descobriu inclusive sentimentos que tinha por pedras na estrada.
[5] If they are not company enough for each other, it is but a sad affair. Advice to a Young Man, Corbett.
[6] Em 1850, existiam à volta de 50 000 prostitutas a circular pelas ruas de Londres.



Smoke, Barbara Mensch.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Coisas deste nosso tempo

Aqui estou eu a coisar numa coisa que ja não coisava ha muitos coisos.
Pois é assim, agora, escreve-se e está-se neste espaço virtual. São coisas de computadores, são coisas do nosso tempo. Sim do nosso tempo! O meu pai não entende como é que é possivel comunicar através da net "sem pagar a chamada".
O que para nós é tão comum para outros (que por acaso até é o meu pai!!!) é a mais complicada das coisas.
Confesso que para mim ainda não faz parte do meu quotidiano, mas até acho divertido esta coisa do "nosso" blog. Mas olha apeteceu-me!

Prometo voltar.
[Arroz: tens de me ensinar a pôr imagens e fazer estas modernices para ver se a borboleta voa mais vezes por estas bandas.]

beijos e abraços

Coisas da Música - Mogwai

Mais Mogwai mas, desta vez, com um remix de uma música de Craig Armstrong.

Mogwai, Miracle