Coisas da Impotência II
...amarrei a burra. Deixei crescer o cabelo e a barba; era das poucas coisas que ainda mexiam no meu corpo. Passados cinco anos, os meus cabelos já existiam à frente dos meus olhos e, por vezes, propositadamente esquecia-me de onde estava, vendo outras coisas - um mundo inteiro que, apesar de ser só leves framentos de memória, era o que de mais 'palpável' eu tinha.
A minha memória eram gavetas que eu entretinha-me a localizar e a abrir. Quando se tem todo o tempo do mundo, tem-se também todo o tempo para nós.
Cada gaveta abria outras tantas, umas por onde passava todos os dias, outras por onde passava apenas uma vez.
Era-me possível ficar assim para sempre, vivendo de memórias; se ao menos as pudesse partilhar...
6 Comentários:
Tudo é partilhável, disse-me uma vez alguém...
É bom ver-te aqui partilhado com todos. Sigo-te com interesse. Beijo. Di.
Tudo é partilhável se conseguirmos falar, escrever, etc. Nem todos temos as ferramentas para comunicar e, para mim - que estou impotente nesta cama fria - restam-me muito poucas. Passo mais tempo a comunicar comigo; de mim para mim - insistindo que isso é possível.
Noves fora, grato pelo teu interesse, aparece.
Beijo.
O que se passa contigo? Posso-te ir buscar à cama com a promessa de um dia melhor :P Sintra continua linda... Beijo. Di.
Comigo não se passa nada, mas com o personagem desta história passa-se tudo. Esclarecida? Ui...
Beijos
Muito mais descansada,pah!
Então e olha lá Asterix, agora que tás bonzinho quando é que pagas um copo... até lá, continua a escrever prosador.
Outro.
Di.
Ui...
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