Coisas da História – Auschwitz/Birkenau
Fez ontem sessenta anos que os russos tomaram o campo de concentração Auschwitz/Birkenau e libertaram os prisioneiros sobreviventes. O extermínio neste local foi estimado em um milhão e meio de pessoas; um milhão e meio pessoas é 1.500.000 de pessoas...
É-me difícil partilhar o complexo sentimento que tenho em relação ao sucedido...um misto de violenta revolta e de profunda vergonha, por ser cúmplice (como humano que sou) de tamanha desumanidade.
Pela minha incompreensão da dimensão do acto, resolvi que “um dia iria a Auschwitz”; e fui. Mas confesso que continuo sem compreender; desde que entrei no campo, como mais um mero turista, não consegui pensar porque as emoções me vêm primeiro, e são devastadoras, as emoções.
Passado um ano, e por lembrança mediática do aniversário da libertação, decidi rever as fotografias que recolhi; em momentos que os nervos afastavam o meu dedo do botão da câmara. São os mesmos nervos que vão desviando os meus dedos do teclado com que escrevo agora...
De qualquer forma; achei de interesse partilhar esses momentos neste blogue.
Não sei se algum dia poderei lá voltar...
Os caminhos de ferro que traziam os prisioneiros e que acabavam entre os dois crematórios de Birkenau.
Os deambulatórios electrificados de Auschwitz.
Por entre os vastos campos relvados de Birkenau encotram-se ainda centenas de dormitórios, se é que assim lhes podemos chamar...
Nas latrinas comuns, o letreiro avisa: "Manter o silêncio."
É-me difícil partilhar o complexo sentimento que tenho em relação ao sucedido...um misto de violenta revolta e de profunda vergonha, por ser cúmplice (como humano que sou) de tamanha desumanidade.
Pela minha incompreensão da dimensão do acto, resolvi que “um dia iria a Auschwitz”; e fui. Mas confesso que continuo sem compreender; desde que entrei no campo, como mais um mero turista, não consegui pensar porque as emoções me vêm primeiro, e são devastadoras, as emoções.
Passado um ano, e por lembrança mediática do aniversário da libertação, decidi rever as fotografias que recolhi; em momentos que os nervos afastavam o meu dedo do botão da câmara. São os mesmos nervos que vão desviando os meus dedos do teclado com que escrevo agora...
De qualquer forma; achei de interesse partilhar esses momentos neste blogue.
Não sei se algum dia poderei lá voltar...
Os caminhos de ferro que traziam os prisioneiros e que acabavam entre os dois crematórios de Birkenau.
Os deambulatórios electrificados de Auschwitz.
Por entre os vastos campos relvados de Birkenau encotram-se ainda centenas de dormitórios, se é que assim lhes podemos chamar...
Nas latrinas comuns, o letreiro avisa: "Manter o silêncio."
6 Comentários:
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1499998
1499999
1500000
apenas um... já teria sido demais.
ernesto
Concordo plenamente...mas o facto de ter realçado o número tem que ver com o facto de me ser incompreensível a dimensão do sucedido...se uma vítima do holocausto incomoda, não consigo, sequer, pensar o quanto me incomoda este facto iterado um milhão e meio de vezes (em Auschwitz) e mais de seis milhões em todo o holocausto.
Não foi um crime, foi muito mais que isso e, o pior, é que continua a acontecer aos olhos de quem o quiser ver, em vários pontos do mundo.
Espero ser claro que o facto de ter escrito um número nada tem que ver com matemática...
É quase mórbida, a curiosidade que nos leva a sítios destes; mas tão obrigatória quanto legítima.
a exactidao da matemática, a adição (ou subtracçao), neste caso só serve para lembrar o erro. o erro, que apesar da exactidao das contas e dos numeros, é cada vez maior.
confesso que gosto de numeros. de lidar e operar com eles. mesmo assim muitas vezes tenho dificuldades na compreensão da verdadeira dimensao do numero. nisso somos, neste caso, iguais.
para o compreender, transformo o numero em coisas por mim quantificáveis. valorizo muito o tempo. demorei 3 minutos a escrever 100x1/1500000 do numero. um segundo e oito décimas por pessoa. 1500000 pessoas resultariam em 2700000 segundos, equivalente a 45000 minutos, equivalente a 750 horas, equivalente a 31 dias e uma manha. isso é muito tempo.
uma foto tipo passe mede em média 45mm por 35mm.
1500000 fotos sao 2362.5 metros quadrados ou 675 km se colocadas linearmente. isso é muito espaço, isso é uma distancia muito grande.
um nome completo escrito á mao mede em média 14 cm.
1500000 nomes são 2100 km de nomes. isso é uma distancia ainda maior.
estas operações aproximam-me da dimensão da desgraça. contudo ainda me sinto muito longe, parecem-me a mim ainda muito pequenas. o sucedido parece-me incomensurável.
esqueci e nao disse no comentário anterior:
gosto de vos ler
acho que vos percebo
e
estava claro que o facto de teres escrito um número nada tem que ver com matemática...
um aperto no ombro, ernesto
(ontem, sentado num banco, numa mesa, numa tasca, conversava com amigos. um velho entrou... ia passar entre mim e os que de costas para mim conversavam virados para os seus amigos. chegei-me á frente para o deixar passar. reconhecendo o gesto o velho sem falar gentilmente apertou o meu ombro. gratidao? simpatia? senti-me mais humano entre humanos)
:-)
Gostei e identifico-me com as tuas percepções de escala e proporção. Trabalho muito dessa maneira no que toca à arquitectura; faço essas associações, também.
E é precisamente essa noção que me é complicado conceptualizar quanto ao que se passou no holocausto: a escala.
Acertaste na mouche ;-)
É bom quando nos sentimos humanos da forma de que falas: a transparente cumplicidade; é o milagre da comunicação que o permite. :-)
Até breve, ernesto.
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