Coisas da Música - a propósito de sonhos
«No planeta Harmoniad, nimbado pela luz de Vega e o mais pequeno da Galáxia Philia, tudo estava pronto para o grande Concerto da Primavera.
Harmoniad era o recanto do Universo onde a música era rainha. Onde a imortalidade era concedida aos intérpretes, compositores e melómanos, que ali viviam uma festa de sonhos, de estendida contemplação, fruindo dos prazeres a que só os deuses tinham acesso.
Neste ano de 1990 da era terrena, em Harmoniad o grande intérprete escolhido para festejar o dealbar dos seis meses da luz, fora Mozart. E por todo o planeta ecoavam cascatas de cristalinos sons, adejavam asas de transparente claridade, passava um frémito de mal contida emoção.
Um auditório gigante e circular, a céu aberto, foi-se enchendo e no meio uma plataforma de cristal, redonda, tendo ao centro um magnífico piano branco, resplandecia aos primeiros raios da pequena manhã. A assistência, silenciosa, extasiava-se na escuta duma sinfonia, que apurada aparelhagem coava por todo o recinto.
A primeira fila rente ao palco estava destinada aos convidados de última hora, criteriosamente seleccionados, entre os que mais se tinham devotado à causa da música e assim teriam ganho estatudo de imortais em Harmoniad.
Mozart entrou no enorme palco de cristal. Um silêncio fundo saudou-o.
Passou os olhos pela assistência e fixou-os numa cadeira vazia à sua frente.
Passou os dedos pelo tampo do piano.
Passou os dedos, em silêncio, pelas teclas.
Um silêncio, mais fundo ainda, instalou-se.
Foi então que uma personagem, curva, branca e digna desceu as escadarias.
Vinha apressado e feliz. Olhos brilhantes de encantamento. Sentou-se na cadeira vazia e levou a mão direita ao ouvido. Mozart sorriu e disse baixinho:
- Olá Luís! Estava à tua espera… »
Harmoniad era o recanto do Universo onde a música era rainha. Onde a imortalidade era concedida aos intérpretes, compositores e melómanos, que ali viviam uma festa de sonhos, de estendida contemplação, fruindo dos prazeres a que só os deuses tinham acesso.
Neste ano de 1990 da era terrena, em Harmoniad o grande intérprete escolhido para festejar o dealbar dos seis meses da luz, fora Mozart. E por todo o planeta ecoavam cascatas de cristalinos sons, adejavam asas de transparente claridade, passava um frémito de mal contida emoção.
Um auditório gigante e circular, a céu aberto, foi-se enchendo e no meio uma plataforma de cristal, redonda, tendo ao centro um magnífico piano branco, resplandecia aos primeiros raios da pequena manhã. A assistência, silenciosa, extasiava-se na escuta duma sinfonia, que apurada aparelhagem coava por todo o recinto.
A primeira fila rente ao palco estava destinada aos convidados de última hora, criteriosamente seleccionados, entre os que mais se tinham devotado à causa da música e assim teriam ganho estatudo de imortais em Harmoniad.
Mozart entrou no enorme palco de cristal. Um silêncio fundo saudou-o.
Passou os olhos pela assistência e fixou-os numa cadeira vazia à sua frente.
Passou os dedos pelo tampo do piano.
Passou os dedos, em silêncio, pelas teclas.
Um silêncio, mais fundo ainda, instalou-se.
Foi então que uma personagem, curva, branca e digna desceu as escadarias.
Vinha apressado e feliz. Olhos brilhantes de encantamento. Sentou-se na cadeira vazia e levou a mão direita ao ouvido. Mozart sorriu e disse baixinho:
- Olá Luís! Estava à tua espera… »
Texto de Maria Aurora dedicado ao Engº Luis Peter Clode no dia da sua morte
fotografia de autor desconhecido
2 Comentários:
Este planeta faria inveja ao Italo Calvino...
Lindíssimo...
Brilhante Borboleta, um texto muito bem escolhido e lindíssimo...penso que a opinião geral tem cada vez mais razão de ser, o blog está a subir de nivel a olhos vistos...PARABÉNS!
Isto graças a "2 mestres", uma Borboleta e um Arroz.
Cumprimentos, Tripas.
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