sábado, abril 30, 2005

Coisas da Fotografia - Nuvens

quinta-feira, abril 28, 2005

Coisas da Literatura - "À Conversa com Paul Auster"

Amanhã, pelas 21h30, é dia de Paul Auster na Culturgest.

Vêmo-nos por lá ;-)

terça-feira, abril 26, 2005

Coisas da Literatura - o testemunho

Das paredes oblíquas escorreu o convite e o testemunho para os livros:

não podendo sair do fahrenheit 451, que livro quererias ser?
"Alice's Adventures in Wonderland", Lewis Carroll.

já alguma vez ficaste apanhadinho[a] por um personagem de ficção?
Que me lembre, não.

qual foi o último livro que compraste?
Guia da Lonely Planet: "Eastern Europe" e dicionário Português-Crota-Português.

qual o último livro que leste?
"O Filho do Lobo", Jack London.

que livros estás a ler?
"As Viagens de Gulliver", Jonathan Swift
"Os Versículos Satânicos", Salman Rushdie (em re-leitura)
"Principles of Economics", N. Gregory Mankiw

que livros [5] levarias para uma ilha deserta?
"Moon Palace", Paul Auster
"A Obra ao Negro", Marguerite Yourcenar
"A Imortalidade", Milan Kundera
"As Cidades Invisíveis", Italo Calvino
Um qualquer manual de escuteiros que me ajudasse a sobreviver.

a quem vais passar este testemunho [três pessoas] e porquê?
à Maria Borboleta, porque sim;
ao xc, para variar (arranjei-te um 31...);
à Ana, porque há-de ter muito por onde escolher;
ao pedro, porque será muito criativo;
ao Flávio porque é um porreiro.

Eram 5(cinco) não eram?

e os vencedores são:
sempre aqueles que a Academia quiser...

segunda-feira, abril 25, 2005

Coisas da Fotografia - Casa da Música II

Ficam algumas fotografias tiradas no Sábado, por ocasião da festa da OMA na Casa da Música.

Não fiquei para a noite...foi porreiro?









domingo, abril 24, 2005

Coisas de outros blogues - o fim de Diane Lynch

o Muitas Coisas presta homenagem ao Les icones de Diane Lynch, que hoje terminou.

Obrigado pelo teu trabalho, Mónica.

Felicidades :)

Coisas Alcoviteiras - o emplastro



Ora aí está a prova de que Rem Koolhaas está em todo lado, ele é o verdadeiro emplastro. (eu só queria apanhar a morena loira...)

Mais e melhor sobre a festa da OMA na Casa da Música em breve, neste blogue, perto de si.

Coisa Sublime


Foto: Elena Getzieh

Foi há dez anos, em Paris…
19:45, Enquanto vestia a casaca no meu camarim ouvia os músicos a afinarem seus instrumentos, de que resultava uma melodia desconexa e desafinada. Estava nervoso, sabia que hoje era o grande dia, ia mostrar ao mundo o que era ser maestro, seria o maior momento da minha carreira. Sonhava há muitos anos com este dia...confiante olhei para o espelho e desejei profundamente que tudo corresse bem. Saí.
Fui para o palco e todos me seguiram, espreitei através da cortina de vermelho veludo e vi que a sala aos poucos se enchia de homens e mulheres bem vestidos, brilhantes. Sabia que assim que o burburinho terminasse era o nosso momento.
20:00 a sala entrou num silencio profundo e numa escuridão menos profunda, a cortina abriu e ouvi as palmas, entraram os violinos, as violas, violoncelos, contrabaixos, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas e trompetes, depois entrou o coro. O primeiro violino deu o dó e todos afinaram, silêncio de novo, aperto no estômago e entrei, palmas de novo, tomei a minha posição, confiante e sorridente. Virei-me para a minha orquestra, segurei a minha batuta, olhei-os firmemente e começou intensamente.
A música aos poucos foi tomando conta de mim…sentia que era no meu corpo que ela se expressava enquanto gesticulava…as notas passavam na minha cabeça, formando a melodia que tão bem conhecia e no meu rosto sentia que os acordes, a intensidade tomavam forma.
Já não era eu que ali estava, numa espécie de transe a música de Beethoven corria pelas minhas veias, sentia o suor a correr-me pelas costas cansadas, o colarinho estava apertado e molhado, o meu rosto estava quente e pulverizado de suor, ao fim de cada andamento, respirava fundo, e cuidadosamente limpava o rosto e a careca, com o lenço bordado pela Conceição, minha mulher.
A energia passava para o outro lado, para traz, sentia isso…era estranho, mas imaginava os rostos das centenas de pessoas que nos viam, naquele momento, e esperavam o momento em que o coro se levantaria e certamente os arrepiaria, como a mim acontecia sempre que ouvia a Sinfonia #9.
20:43 foi o momento em que o coro se levantou e tenor começou: O Freunde, nicht diese Tone! E foi o grande momento da minha vida, já não ouvia nada, sentia uma dormência por todo o meu corpo, extasiado, arrepiado, sorria, movimentava-me como nunca em trinta anos de carreira, vibrava, sofria, ouvia e vivia o que cada um dos instrumentos dizia, e chorei como uma criança, mas não parava, continuava a fazer o que todos esperavam de mim, a dirigir a minha orquestra.
Estes últimos dezasseis minutos foram os mais intensos da minha vida, era o Hino da Alegria, e era o que se cantava, o que ouvia, o que sentia, chorava mas era a alegria que me caía dos olhos…a intensidade espalhava-se por toda aquela sala, e Beethoven estava genialmente vivo, naquele momento das nossas vidas, da minha sobretudo.
21:05 acabou, foi uma explosão de alegria, de pé aplaudiam incessantemente, chamaram-me quatro vezes ao palco e sorria, estava exausto. Não sabia bem o que sentia, estava confuso por dentro, era um delírio. O meu último concerto, o meu único concerto sem o meu amor presente, um momento único e sublime.
Hoje aqui sentado na minha poltrona ouvindo na minha aparelhagem a gravação desse momento, ainda me arrepio, e movimento os meus braços como se tivesse todos aqueles rostos olhando para mim…ainda sinto o mesmo! Porque é bom recordar!

sábado, abril 23, 2005

Coisas da Música - a propósito de sonhos

«No planeta Harmoniad, nimbado pela luz de Vega e o mais pequeno da Galáxia Philia, tudo estava pronto para o grande Concerto da Primavera.
Harmoniad era o recanto do Universo onde a música era rainha. Onde a imortalidade era concedida aos intérpretes, compositores e melómanos, que ali viviam uma festa de sonhos, de estendida contemplação, fruindo dos prazeres a que só os deuses tinham acesso.
Neste ano de 1990 da era terrena, em Harmoniad o grande intérprete escolhido para festejar o dealbar dos seis meses da luz, fora Mozart. E por todo o planeta ecoavam cascatas de cristalinos sons, adejavam asas de transparente claridade, passava um frémito de mal contida emoção.
Um auditório gigante e circular, a céu aberto, foi-se enchendo e no meio uma plataforma de cristal, redonda, tendo ao centro um magnífico piano branco, resplandecia aos primeiros raios da pequena manhã. A assistência, silenciosa, extasiava-se na escuta duma sinfonia, que apurada aparelhagem coava por todo o recinto.
A primeira fila rente ao palco estava destinada aos convidados de última hora, criteriosamente seleccionados, entre os que mais se tinham devotado à causa da música e assim teriam ganho estatudo de imortais em Harmoniad.
Mozart entrou no enorme palco de cristal. Um silêncio fundo saudou-o.
Passou os olhos pela assistência e fixou-os numa cadeira vazia à sua frente.
Passou os dedos pelo tampo do piano.
Passou os dedos, em silêncio, pelas teclas.
Um silêncio, mais fundo ainda, instalou-se.
Foi então que uma personagem, curva, branca e digna desceu as escadarias.
Vinha apressado e feliz. Olhos brilhantes de encantamento. Sentou-se na cadeira vazia e levou a mão direita ao ouvido. Mozart sorriu e disse baixinho:

- Olá Luís! Estava à tua espera… »

Texto de Maria Aurora dedicado ao Engº Luis Peter Clode no dia da sua morte


fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, abril 22, 2005

Coisas dos Sonhos - a rapariga loira

...foi com um sorriso colorido solitário que subi as escadas até ao foyer. Do andar de cima desceu a rapariga loira que foi ao meu encontro esboçando um sorriso semelhante.

Quando nos aproximámos não falamos. Reparei na doce cicatriz do seu rosto. Era lindíssima.

Demos as mãos e, por entre aquela dança de sorrisos cúmplices, os nossos lábios chegaram a tocar-se, ao de leve.

"Como te chamas?" - perguntei-lhe - respondeu-me com um silêncio sorridente e um brilho nos olhos. Beijá-mo-nos apaixonadamente.

"Não beijo mulheres sem saber o seu nome." - disse eu, logo antes de acordar.


(desconheço o autor da fotografia)

Adormece.

quinta-feira, abril 21, 2005

Coisas do Mundo - Darfur II

Foi hoje publicada informação que actualiza as vítimas do conflito que acontece presentemente no Sudão: 400 000 vítimas desde o início do conflito (há dois anos); 500 vítimas por dia, agora. Há pessoas a morrer e a serem violadas mesmo dentro dos enormes campos de refugiados, ainda que estejam noutro país (são perto de 2 000 000 de refugiados, só no Chade).

Mais sobre Darfur é aqui.

quarta-feira, abril 20, 2005

Coisas da Arquitectura - Verticalidades da China











Fotografias de Michael Wolf.

terça-feira, abril 19, 2005

Coisas de outros blogs - o regresso do Xupacabras

Ladies and gentleman, o Xupacabras voltou!

Coisas da vulnerabilidade - Windsor, Madrid

Ficam algumas fotografias tiradas recentemente pelo nosso caro correspondente .G em Madrid.

O Edificio Windsor encontra-se em ruínas depois do incêncio que deflagrou no passado dia 12 de Fevereiro.



Fotografias de .G

domingo, abril 17, 2005

Coisas da Imaginação - Memórias lá da Roça

Foi no dia 25 de Junho de 1975.

A Circa de 1908 (provavelmente uma das poucas câmaras de cinema existentes em toda a África em 1975) estava guardada com mil cuidados no alpendre e continuávamos a ouvir todos os dias os protestos da minha esposa, Teresa: "Um dia dou esta caixa aos conguitos..." - referia-se à película que conservávamos no pequeno frigorífico que tínhamos; a dita caixa já lá se encontrava há dois anos...

Mas não se pense que era por acaso. Quando a câmara chegou da Rússia (oito meses depois de a termos encomendado), trazia tudo o que precisávamos para filmar e para a revelação do filme; passa-se que trazia apenas duas bobines de película, com três minutos de filme cada uma.

Mal a máquina chegou, viajamos para Maputo; vestimo-nos bem e os miúdos levavam laços azuis e camisas brancas. Vestimos também algum do pessoal que trabalhava na Roça há mais tempo, e as meninas dos moleques iam com mangas de balão.

Quando já estávamos em frente à casa do governador civil e eu montava o tripé, toda a alegria transformou-se em desilusão: o Zé Canilha (o meu fiel criado), tentando ajudar, retirou a película da bobine (pensando que era isso o suposto). Como se não bastasse, o Tobias (o nosso macaco de estimação) pegou na fita e desatou a correr pela rua...os sipaios ainda foram apanhar-lhe o passo, mas já era tarde demais, a película já havia sido mais que exposta e ficou toda queimada.

De volta a Lourenço Marques, sob o calor abrasador e a poeira intensa, decidi que só usaria a outra película num momento muito especial. Acabou por ficar no frigorífico até ao último dia.

Decidi que a usaria no momento em que decidimos regressar a Lisboa; eu tinha que levar um filme como memória...

Assim, fui sozinho para a Praia de Polana e fiz isto, que se vê.

Este filme lembrar-me os bons tempos que passámos juntos na roça; dos bailes do Pavilhão da Praia, onde dancei com as bifas antes de te conhecer; das tardes que passávamos debaixo das bananeiras; dos imensos campos de milho que cultivámos; da liamba que crescia a cada esquina; do Lamdim que se ouvia dentro dos casebres; da nossa vitória histórica contra o Malhangalene, ai os tempos do hóquei...; do Studbaker que tivemos que deixar para trás; enfim, da família que criámos ao som das ondas.

Agora, de novo em Lourenço Marques - mas de férias - mostro-o a todos, para que se lembrem de ti, Teresa, que nos deixaste há precisamente 20 anos.



Música: Cesária Évora, Tchintchirote.

Mais e melhor, é aqui.

sábado, abril 16, 2005

Coisas dos olhos


«Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes
Borboletas de sol, de asas magoadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas,
Como em dois lírios roxos e dolentes...
(...)»

Florbela Espanca, excerto de Crepúsculo

sexta-feira, abril 15, 2005

Coisas da Fotografia - Acidentes





Fotografias de Hélder Laranjeira.

Manipulação por moi-même.

terça-feira, abril 12, 2005

Coisas da Fotografia - Escola Superior de Teatro e Cinema




Detalhe




(Não consegui decidir-me sobre qual a melhor versão, se com cor, se a preto e branco)


Detalhe

Coisas de Homens

Quem são eles?

O que olham?

Fotogrfia: Gérard Castello Lopes, Portimão, 1957

segunda-feira, abril 11, 2005

Coisas da Fotografia: Contrastes

Fotog: Agnes Varda Sofia Loren em Portugal - Povoa de Varzim, 1956

Coisas da imaginação - Visita à casa antiga

...nesse dia cheguei à casa velha; aquela que recordava com a ternura da infância ou, bem...há sempre coisas que são boas e outras que são más...mas prefiro pensar que não, e assim tudo vai bem.

Ficava ao fundo de um trilho - desenhado antes por carroças e, agora, pelo daninho abandono - e ao fundo desse trilho havia outro, ali, à direita do carvalho, vês?

Não sei o que me trouxe por cá; disse-lhe que vinha por causa do baú - daquele de que nunca quis voltar a saber, afinal - mas, no meu íntimo, sei que não é verdade.

Os putos partiram-lhe os vidros; os ratos tiraram-lhe a cor; as velhas heras cresceram, e trouxeram-lhe a vida. É estranha esta sensação de voltar a um sítio esquecido; é como se ele agora se vingasse, tendo uma vida própria, mais forte do que a minha.

Mas continuei, cautelosamente, e aproximei-me do baú. Acariciei-o, desenhando-lhe um traço por entre o pó e a fuligem. Assim ficou.

Dirigi-me para aquele que foi o meu quarto durante os meus primeiros 12 anos de vida e, agora, um cenário de aranhas, esperando o próximo festim. Havia as telhas ruídas no soalho de madeira, peguei num casco e limpei-o; dobrei-me de novo para o colocar no sítio de onde o havia apanhado.

O grande corredor parecia-me muito mais pequeno (ai, como cresci...) embora as paredes se encontrassem muito mais densas, invadidas com o musgo.

Esta casa ficou mais luminosa, depois de a deixarmos; e ganhou volume, agora que os raios de sol banham a poeira que levantei.

Agrada-me a ideia de que posso voltar cá sozinho, de quando em vez; hei-de voltar num dia de chuva, com as galochas do avô.

Entrei no carro, antes do anoitecer. Liguei o motor; na câmara fotográfica, não trazia uma fotografia, sequer.

Coisas do Quo - Cartoon do dia #36