domingo, dezembro 05, 2004

Coisas dos homens – porque sempre as houve

1ª consideração: a produção de espermatozóides num homem é contínua; tal como as batidas do coração.

2ª consideração: os homens não são exclusivamente “dominadores”; gostam igualmente de ser “dominados”.

3ª consideração: os homens não são exclusivamente “predadores”; gostam igualmente de ser a “presa”.

4ª consideração: os homens não são exclusivamente “protectores”; gostam igualmente de ser “protegidos”.

5ª consideração: os homens vivem do e para o amor, como as mulheres, senão morrem.

6ª consideração: se o amor não tivesse sido inventado, a vida era um mórbido tédio, por isso, inventou-se.

7ª consideração: muitos homens, como muitas mulheres, adoram sexo; é uma das melhores coisas da vida.

8ª consideração: tudo o que se segue são suposições pessoais e, portanto, mais reais que as suposições universais.

Havia alguém que dizia que se a vida não tivesse piada, isto seria o Inferno. Não tão empiricamente, Mircea Eliade afirma que o Homem precisa incondicionalmente de referências. O exemplo da teofania dos índios (o totem que comunica com o céu) é uma confirmação desta ideia; o totem existia como referência espacial e temporal – era o centro; o centro do Tudo; era dele que o mundo se expandia; era nele que a terra se encontrava com o Grande do céu.

A ideia cristã de contacto com o céu é pouco diferente.

A ideia do ateu é igual à ideia cristã; quando o centro não está no céu, está na terra e, no que diz respeito ao ateu, o centro está nele mesmo. Ponto-final.

Portanto, a vida, de alguma maneira, tem que ter piada, senão morremos de tédio; sem referências.

O amor tem o poder de concentrar muitas das nossas energias em uma pessoa (geralmente...). O tempo, o espaço, o porquê, encontram-se em função de alguém que diz-se “amar”.

Até aqui, nada de diferente entre o homem e a mulher.

Historicamente, as organizações familiares decorreram do sedentarismo. O homem, fisicamente mais poderoso que a mulher deixa parcialmente a caça para se dedicar às couves. A mulher, ventre das crianças, passa a ter mais paz para criar laços familiares. As leoas, ainda hoje, caçam mais que os leões; as crias são abandonadas assim que atingem a idade conveniente para caçar.

Não terão sido as mulheres as grandes percursoras do sedentarismo?

É que, ainda hoje, existe uma taxa de vegetarianas muito maior que a de vegetarianos; é que, ainda hoje, as mulheres, tendenciosamente, procuram decorar a “sua casa” assegurando, assim, um cómodo sedentarismo. (Estou errado?)

Por outro lado, os homens sentem falta da caça...

É que a conquista das mulheres teve que ver com a satisfação física das hormonas, sendo que a vontade e curiosidade de ter um filho é válida para a maior parte das mulheres, como poderia esta condição ser satisfeita quando se andava de caverna em caverna? Por isso, a estabilidade generalizada atrai as mulheres.

Ora, o homem, tem atributos e sinais físicos diferentes. O homem deseja a estabilidade sim, mas noutro sentido; o homem procura a satisfação imediata das suas necessidades e, sem descurar a capacidade romântico-onírica masculina, o homem, tendenciosamente, consegue viver mais facilmente o presente do que a mulher. O homem é mais parvo do que a mulher; o homem é mais esperto que a mulher; a mulher é mais inteligente que o homem; a mulher é mais parva do que o homem. (pelo dicionário, “parvo”=”pequeno”).

Até aqui, pouco de diferente entre o homem e a mulher.

Hoje, as diferenças são ainda mais ténues; há homens travestidos, sensíveis, cavalheiros, românticos, donos-de-casa, cozinheiros, etc. Há mulheres atletas, ninfomaníacas, criminosas, sacanas, fetichistas, assassinas, etc.

Dantes, o problema é que não havia liberdade para fugir à norma; agora, o problema é que a liberdade nos confunde, a todos. Tudo é uma opção.

Assim, com o mundo que temos, há pessoas que o preferem viver em retro, outros que preferem viver em posto, outros tantos que nem sequer o vivem...

Os homens gostam de viver: um bom cozido à portuguesa, um bom vinho, um bom charuto, uma boa escapadela para o banco de trás, um bom jogo de futebol, um bom livro, uma boa viagem.

Tudo o resto é paixão, ou seja, a conjuntura que leva ao objectivo e (antes não o dissesse), como todos sabemos, as paixões são as nossas doces mentiras.

Pela parte que me toca, as mulheres comandam os homens e não há outra maneira de me inspirar; adoro as mentiras, se é que me percebem; tell me lies que eu dou-vos rosas.

Gosto de mulheres tão mentirosas que tenham o espírito escanchado.

Mais do retro-amor (coisas boas e coisas más) é aqui.